7 de junho de 2012

querida Sofia

"Minha querida Sofia, nunca nos descobrimos. Não sei se por medo de ficar, ou por medo de ser tudo muito pouco. As palavras, os gestos, os olhares, as cartas cantadas... tudo. Por parecerem sempre pouco, saberem sempre a muito pouco. Acho que o nosso medo foi esse, e acredito que todos os dias teriam sido felizes se os tivéssemos vivido como se do último das nossas vidas se tratasse. Mas os sonhos arderam, se é que chegaram a voar aos céus. Sei que nos fugiram, porque fugimos à felicidade. Como quem foge ao amor com medo de ficar, tão somente ficar. Preso neste jogo de palavras, como chegamos a ser um do outro - presos. Porque éramos aquilo que tanto queríamos e nunca nos descobrimos, nunca nos protegemos, nunca nos quisemos mais do que no dia anterior. Mas eu sei que era porque qualquer coisa, mais forte e inexplicável que o amor. Porque esse existiu sempre, seja na vontade de te ver feliz perto ou longe de mim, pois amar-te era querer-te bem, mais do que querer-te comigo. Sabes? As coisas, que foram simplesmente só coisas, voaram-nos das pontas do dedos, tal e qual, as pétalas que contávamos e que perdíamos. E nós, nós perdemo-nos, sem que nunca nos tivéssemos descoberto. Talvez pela linha entre o hoje e o que queríamos que se mantivesse... ou talvez a vontade que tudo fosse perfeito, inquebrável, e..tudo. Éramos tudo, em tanta coisa, que nunca em nada demos tudo de nós próprios. Nunca nos descobrimos. E por isso não te nego. Nem a ti, nem às saudades. Muito menos às saudades. Porque foste tu, meu ainda grande amor, que me explicaste o que são as saudades, o que é a vontade, o querer, o cuidar, o conforto, ... Tanta coisa, que nunca soubemos por onde pegar. As nossas conversas eram o silêncio do olhar, e os nossos passeios de mão dada ficaram pelas vontades, apenas. E por isso mesmo, acabamos morrendo devagar nesta bola que nos parecia de sabão - porque eu sabia que um dia ela iria arrebentar. Era uma certeza. Mas uma certeza menor do que aquela que ainda te amo, que ainda te quero e que ainda te espero. Que ainda sonho contigo. Que ainda me apetece ligar-te e pedir-te que sejas tu a escolher um filme para vermos deitados na minha cama. Porque és tu, Sofia. A única que ainda tenho tanto, que ainda quero tanto, mas tanto tanto tanto. Só te sei dizer tanto:por te amar assim- tanto. Um tanto que não chegou para nos descobrimos. Acredito que a vida se encarregou de nos fazer sentir dor, sentir saudades, sentir vontade de voltar... de me fazer correr para os teus braços. Pedir-te que fiques comigo, e que venhas. Que tragas tudo contigo, menos o medo. E vamos descobrir-nos. Descobrir tudo aquilo que o tempo deixar, e que o receio não assombrar. Que nunca nunca nunca nos assombrem os sonhos, porque o meu sonho continuas a seres tu. Minha querida Sofia, tenho a vida inteira para cuidar de ti."

4 de junho de 2012

recados soltos

E se uns contam todo o dinheiro que têm para serem felizes, eu conto os dias que faltam para te voltar a ver. E é nessa simplicidade que acredito, nessa felicidade complementar. Tanto, meu amor. Tanto.